Ao que tudo indica a Bonasa Alimentos, empresa com sede em Brasília (DF), está passando pela famosa crise financeira que muitos dizem estar assolando o Brasil.
A reclamação é geral, a maioria dos granjeiros contam que já estão negociando com outras empresas para alojar os frangos para não ficarem no prejuízo, já que a maioria fez empréstimos junto aos bancos para construírem suas granjas e dependem do dinheiro arrecadado mensalmente para pagar o financiamento do empreendimento.
Segundo informações repassadas pelos próprios funcionários da empresa, cerca de 300 funcionários foram demitidos recentemente e os que tiveram a sorte de ficar, estão com seus salários atrasados a pelo menos dois meses.
Diante de toda a situação, alguns funcionários não tiveram outra opção a não ser cruzar os braços, iniciando uma paralisação com estado de greve na manhã desta segunda-feira (23), no abatedouro Aroldo Silva Amorim que fica localizado na cidade de Aguiarnópolis mas, que abriga em seu quadro de funcionários, pessoas das cidades de Tocantinópolis, Santa Terezinha do Tocantins, Nazaré, Palmeiras do Tocantins, Estreito (MA), Porto Franco (MA), além de pessoas da própria Aguiarnópolis.
Agoniado com as contas para pagar, o funcionário Antonio Francisco Farias Leal, um dos que aderiram a manifestação, disse que não sabe mais o que fazer: "Lá na minha casa está faltando tudo, gás, água tudo atrasado e não tenho dinheiro pra comprar as coisas pros meus filhos". Disse angustiado o trabalhador, que continuando relatou que estão comprando fiado mais os comerciantes já estão lhe cobrando e a empresa apenas promete. "Aqui é só promessa pra nós, tal dia, tal dia e nada e nós aperreado em casa sem dá o que comer para as crianças e não temos o pão nosso de cada dia pra comer nem de manhã e nem a tarde". Desabafou.
"A minha sorte é que eu estou vendendo cremosinho no final de semana pra mim poder comer um pãozinho mais meus meninos e um pedacinho de carne, porque o pagamento da firma não estão pegando não". Finalizou Antonio.
Outra que também reclamou diante das câmeras foi a funcionária July Scarlet Pereira Conceição que em sua fala disse que tem uma bebêzinha em casa e não sabe mais o que fazer. "A gente já está com duas folhas atrasadas, o que a gente tem é só promessa de pagamento, um dia desses deram uns kits, como se frango fosse resolver o aluguel vencido, como se frango fosse resolver a conta de água, o leite das crianças, porque eu tenho uma filha pequena, minha filha tem 10 meses. O leite dela só tem o que tá na lata, e o salário? Eles falam: 'Tal dia a gente deposita', mais os mercados não querem mais vender para os funcionários da Bonasa. Porque eles não querem mais vender para funcionários da Bonasa? Porque eles não estão pagando. Aí pagam uns e os outros ficam sem receber, e o quê que acontece, a pessoa que recebeu vai lá e paga o comércio e o dono do mercado vai pensar o quê? Que a gente não pagou porque não quis mais na verdade não é". Contou July.
Em tom de interrogação a funcionária perguntou: "Qual a explicação que a gente vai dar pros nossos filhos? Qual a explicação que muitos pais de família vai dar pra mulher? A gente vem aqui não é pedir, a gente vem é trabalhar, aqui a gente trabalha todo dia. A gente sai de casa cinco e pouco da manhã, e agora a gente tá tendo horário pra sair, antigamente não tinha, e qual é a explicação que a gente vai dar? Menino não quer saber se eu tô recebendo ou não, ele quer o leite dele na hora". Desabafou sua preocupação July.
O funcionário Gildevan Alves dos Santos contou que há meses os salários vem sendo atrasados e eles vem empurrando com a barriga. "Há muitos meses atrás eles vem atrasando, atrasam o salário e eles vem só empurrando a gente, no final da semana a gente dá uma resposta, já paramos para reunião com eles porque se nós não tivéssemos parado eles não iriam dar nenhuma resposta pra gente". Contou.
Gildevan relatou ainda que a maioria sai de madrugada de casa deixando os filhos pequenos e eles não estão deixando nada para os pequenos. "A gente não vem para brincar, a gente quer que eles reconheçam que nós vem trabalhar pra receber". explicou.
Por enquanto, o único prefeito a se manifestar sobre o assunto foi o de Aguiarnópolis Ivan Paz da Silva, que por telefone explicou que está muito preocupado com essa situação que a empresa vem passando, pois é uma das principais geradoras de emprego não só da cidade sede, mais também da região. "Estou muito preocupado, espero que essa situação seja contornada, pois caso contrário, vamos passar por um período de muita turbulência se falando financeiramente aqui na nossa região. São Muitas pessoas que dependem desses benditos empregos, espero que tudo dê certo, e no que depender de nossa administração dentro dos rigores da lei nós faremos para ajudar". Alertou o prefeito Ivan.
Entramos em contato com a empresa e nos foi dito que somente no final do expediente desta segunda-feira (23), eles irão se manifestar sobre o assunto.
Assistam a entrevista com os funcionários grevistas no vídeo abaixo:
