Uma reunião que aconteceu na manhã desta quinta feira (30), intermediada pelo Delegado Regional Dr. Tiago Daniel de Morais que envolveu, Ministério Público, Defensoria e representantes dos moradores dos dois povoados pôs fim a interdição da Rodovia.
A reunião aconteceu no prédio da Promotoria Pública de Tocantinópolis, com a participação de 10 representantes das comunidades do Povoado Folha Grossa e também do Ribeirão Grande Pedro Bento, dois locais onde a estrada se encontrava bloqueada para a passagem de motoristas, salvo veículos da Funai transportando indigenas e ambulâncias.
Intermediando para que se entrasse em um consenso para o desbloqueio da Rodovia, estavam a promotora Drª. Ana Lúcia Gomes V. Bernardes, o também promotor Dr. Eurico Greco Puppio, a Defensora Pública Drª. Aline Mendes de Queiroz e o intermediador da reunião, Dr. Tiago Daniel de Morais.
A situação dos manifestantes já estava ficando complicada, pois os bloqueio já durava 15 dias e esse período demorado estava gerando vários boletins de ocorrências de pessoas que se sentiam prejudicadas por causa da interdição da rodovia.
A preocupação maior dos manifestantes durante a reunião era de que pelo menos o Estado do Tocantins, de alguma forma fosse responsabilizado judicialmente para que cumpra o acordo feito pelo Governador Sandoval Cardoso que foi até o próprio povoado antes da Eleição, prometer que faria a estrada, colocando em seguida as máquinas para trabalhar e logo após o resultado da eleição, cujo Governador perdeu a disputa, os trabalhos de terraplenagem foram paralisados, causando a indignação da população local.
A promotora Drª. Ana Lúcia Gomes foi uma das primeiras a fazer uso da palavra onde ressaltou que o Ministério Público estava também indignado com a postura do Governador que não deu uma satisfação se quer aos manifestantes quanto as suas reivindicações, nem tão pouco para o próprio MP, já que a própria promotora lembrou aos presentes que ela havia feito um documento solicitando informações e se quer obteve resposta.
Quanto ao pedido feito pelos moradores de que queriam que Sandoval fosse processado por ter realizado uma espécie de compra de votos, a promotora lhes explicou que esse tipo de procedimento teria que ser feito pela promotoria em Palmas, onde afirmou que esse procedimento será instalado e provavelmente o Governador vai responder por improbidade administrativa.
Sobre a continuação ou não da manifestação a promotora disse: "O que a gente quer hoje é chegar a uma solução, entrar num consenso, então eu pergunto, vocês querem fazer reivindicações? Colocaremos tudo no papel e nós encaminhamos ao Governador todas essas reivindicações aqui através do Ministério Público para que vocês encerrem essa manifestação".
A explicação dada pela promotora Drª. Ana Lúcia, era o que os manifestantes esperavam ouvir para dar fim provisoriamente ao bloqueio e reforçando ainda mais a tentativa de dar um fim a manifestação, a Defensora Pública Drª. Aline Mendes, disse aos participantes da reunião que eventualmente seria possível se fazer uma ação civil pública para apurar os prejuízos que a comunidade estaria tendo com a obra parada ainda no seu inicio, e também os que eles ainda irão ter por causa do período chuvoso que se aproxima, citando que essa ação civil pública seria possível, através de um estudo bem feito, mas que isso não seria garantia para que se fizesse o Governo e a empresa em questão continuasse com as obras, lembrando da morosidade da justiça, e ainda citou: "Eu estou aqui apoiando os senhores, mais eu não tenho como impedir que as pessoas que não estão conseguindo passar hoje por conta da manifestação, vão até a delegacia e registrem o descontentamento delas". Explicou a defensora.
O Delegado Regional Dr. Tiago Daniel de Morais, explicou durante a reunião de que a intenção maior de todos estarem ali reunidos era para que se chegasse ao fim do bloqueio porque estava chegando na delegacia reclamações de todos os lados. "Está chegando reclamação tanto do lado de vocês manifestantes quanto também do lado dos que estão se sentindo prejudicados, e eu como morador da cidade e também estive no evento que o Governador esteve lá no povoado, observi tudo que ele falou e sei porque tudo está acontecendo, mas nos encontramos numa situação muito complicada e precisamos de uma resposta agora, porque o Governador atual só tem três meses de mandato, e com certeza não conseguirá nesse tempo terminar a obra, o próximo Governador também precisará de tempo para poder reiniciar os trabalhos, e infelizmente, a manifestação existe e é legitima, mais a partir do momento que se impede o tráfego por tanto tempo começa a acontecer crimes e depois disso nós temos que investigar e isso acaba se voltando contra vocês mesmos, eu estive lá e vi o sofrimento de vocês, e a realidade de vocês é muito dura, e se vocês continuarem bloqueando vai ficar complicado e nós não queremos atuar contra uma manifestação legítima". Desabafou o Delegado Dr. Tiago Daniel.
Os manifestantes que tiveram os nomes citados nos boletins de ocorrências feitos por pessoas que estavam se achando prejudicados, perguntaram sobre como seria resolvido o problemas dessas ações que iriam parar no Forum, e o promotor Dr. Eurico Puppio, lhes explicou dizendo: "As pessoas registraram a ocorrência porque não conseguiram passar, só por isso, eles não tem nada contra vocês, e eu tenho a certeza absoluta que eles estão do lado de vocês, só que todos sabem que no momento a política já passou, então o momento desse tipo de manifestação não é agora. E sobre as audiências que deverão acontecer por causa das pessoas que registraram ocorrência, eu vou estar lá, bem como o juiz, a outra parte e lá nós tentaremos uma solução pacífica que é chegar num acordo que a lei chama de composição, alegando que vocês já pararam o movimento para que as pessoas possam passar livremente, a causa perdeu o objeto o motivo da briga, o que foi registrado no boletim de ocorrência vai estar acabado e assim se poderá chegar a um acordo". Explicou o promotor.
Com as explicações de todas as autoridades presentes e após alguns dos manifestantes terem dado suas explicações e tirado as suas duvidas, os participantes da reunião entraram em consenso e aceitaram as propostas de que o Ministério Público acionasse o Estado judicialmente para continuar a obra e saíram da sala de reunião decididos a desbloquear a estrada.
Logo após encerrada a reunião os manifestantes voltaram até o local do bloqueio para enfim, pós os 15 longos dias, desmancharem o acampamento improvisado e voltarem para as suas vidas normais.
No povoado Folha Grossa, durante o encerramento do bloqueio um dos considerados líderes do movimento, Silvano Barros, conhecido popularmente como Goió, disse que na reunião eles viram que tinham o respaldo e apoio da justiça através do Ministério Público, defensoria pública e também do Delegado Dr. Tiago eles se sentiram confiantes de que a manifestação não teria sido em vão. "O grupo resolveu abrir, e possivelmente voltaremos com o movimento depois, foi cansativo, a gente vai estar encerrando essa batalha mais a guerra ainda continua". Disse Silvano.
As verdadeiras cabeças do movimento eram as mulheres que não perderam a oportunidade e reclamaram da falta de apoio dos políticos do município, e uma delas ainda chegou a citar que o deputado estadual José Bonifácio esteve no local e na ocasião elas pediram uma tenda para se protegerem do sol e da chuva e Bonifácio teria dito para eles ficarem debaixo dos pés de babaçú.
Uma outra senhora agradeceu e também desabafou, dizendo: "Obrigado papai do céu pela benção que vós derramou sobre nós sofredores aqui nesse povoado. Nós sofremos mais com o poder de Deus e da virgem Mãe Santíssima do Céu nós vamos vencer, porque Deus é bom, só quem é bom é Deus. Nós não tivemos apoio, a força que nós conseguimos foi bebendo café, e comendo bolachas, não tivemos a segurança de nenhum deputado, nem de prefeito, de ninguém. A força era nossa". Desabafou a senhora.
Já no Povoado Ribeirão Grande onde havia um outro bloqueio organizado pela comunidade local, a primeira a falar sobre o fim da interdição foi a polêmica Mocinha, que na ocasião explicou: "A gente está liberando porque entramos em acordo lá no Ministério Público e decidimos liberar porque além da gente tá sofrendo e sendo judiado muito aqui, agora mesmo não vamos resolver muita coisa então fizemos esse acordo". Explicou Mocinha.
O Sr. Gilmar que também é morador do povoado falou diretamente para o Governador Sandoval dizendo: "Eu só quero deixar um recadinho aqui para o nosso amigo Sandoval, que ele aguarde, que daqui 4 anos talvez ou talvez daqui a 16 anos ele não se candidata a mais nada, porque estamos encaminhando um pedido ao Ministério Público para ele se ver com a justiça, o negócio não vai ser fácil ele tá achando que é brincadeira e não é". Ameaçou Gilmar.
Quem falou por ultimo na ocasião foi um dos primeiros a organizar o movimento em prol do asfalto nessa rodovia que foi o Sr. Edésio Barroso que citou que mesmo estando no final do bloqueio, outras causas virão, parabenizando a todos que participaram.
